sábado, 22 de janeiro de 2011

A educação para a moral e ética

      Vivemos numa época onde se fala muito em moral, ética, caráter, virtudes. Parece até que virou uma resposta mágica ou uma solução para todos os problemas. Quem não se lembra da, amplamente divulgada, discussão que houve no senado sobre a necessidade de uma educação ética. Especialmente o senador Pedro Simon tomou o microfone e fez uma manifestação em favor da educação moral e ética nas escolas. Na verdade o senador estava indignado diante do que ouvira de um diretor de novela que as pessoas gostam ou preferem os vilões aos mocinhos.
      A questão, porém, é como educar para a moral e ética. Há um livro muito interessante que nos ajudar a refletir sobre isto, Sobre a Pedagogia, de Immanuel Kant. Neste livro o autor afirma que o ser humano precisa ser educado, ele é “o que a educação faz dele”. Uma geração educa a outra. Neste sentido “a educação é uma arte, cuja prática necessita ser aperfeiçoada por várias gerações. Cada geração, de posse dos conhecimentos das gerações precedentes, está sempre melhor aperfeiçoada para exercer uma educação que desenvolva todas as disposições naturais na justa proporção e de conformidade com a finalidade daquelas, e, assim, guie toda humana espécie a seu destino”.
      Uma dos principais objetivos da educação deve ser o de desenvolver as disposições humanas para o bem. O homem não nasce bom. Ele nasce com uma disposição para o bem. Como afirma Kant: “tornar-se melhor, educar-se e, se é mau, produzir em si a moralidade: eis o dever do homem (...) A educação, portanto, é o maior e o mais árduo problema que pode ser proposto aos homens”. Neste sentido a educação é uma arte. Uma arte “que deve desenvolver a natureza humana de tal modo que esta pessoa possa conseguir seu destino”.
      Para Kant os educadores deveriam ter sempre aos seus olhos o princípio de que: “não se devem educar as crianças segundo o presente estado da espécie humana, mas segundo um estado melhor, possível no futuro, isto é, segundo a idéia da humanidade e da sua inteira destinação”. Kant acredita intensamente no progresso do gênero humano ou da humanidade. Comparte isto com o espírito do esclarecimento. Afirma ele: “é entusiasmante pensar que a natureza humana será sempre melhor desenvolvida e aprimorada pela educação, e que é possível chegar a dar aquela forma que em verdade convém à humanidade. Isto abre a perspectiva para uma futura felicidade da espécie humana”.
      Kant pressupõe que o homem pode ser treinado, tanto quanto os cães e os cavalos, mas não seria suficiente treinar as crianças, pois “urge que aprendam a pensar”. Em resumo podemos descrever os passos educacionais assim: 1) Ser disciplinado: basicamente consiste em domar a selvageria; 2) Deve o homem tornar-se culto: consiste do aprendizado de algumas habilidades ou conhecimentos como, por exemplo, o ler e escrever, a música, entre outras; 3) O homem deve tornar-se prudente: consiste no aprendizado de certos modos corteses, gentileza e a prudência de nos servirmos dos outros homens para os nossos fins; 4) Cuidar da moralização: que o homem consiga a disposição de escolher apenas os bons fins. Bons são aqueles fins que são aprovados necessariamente por todos e que podem ser, ao mesmo tempo, os fins de cada um.
      Para alcançar este propósito da educação kantiana seria preciso disciplinar, instruir e ilustrar o homem por meio de um programa educativo constituído de dois movimentos distintos. Um primeiro momento, denominado de negativo, quando o educando seria ensinado a obedecer e adquirir uma certa disciplina. Um segundo momento denominado de educação positiva, envolveria a instrução e a aquisição da cultura por parte do educando, quando aprenderia a usar a sua reflexão e a sua liberdade. Itamar é professor

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