sábado, 22 de janeiro de 2011

A moda é o relativismo moral

      Vivemos numa época onde as certezas naufragaram. Parece que tudo é relativo. Você pergunta a alguém uma opinião sobre determinado assunto e, imediatamente, ouve respostas como “depende da situação”, é “relativo ao momento em que se encontra”, “depende muito de cada um” e assim por diante. Parece que nos submetemos ao “você decide”, onde os critérios ou mesmo regras para uma vida boa são quase desconsideradas. Importa mesmo a opinião de cada um e sua capacidade de sensibilizar as pessoas em torno de uma idéia. Não é isto que aprendemos com programas como o Big Brother ou outros reality shows?
      É impressionante como estes programas evocam as diferenças e ressaltam o exercício da tolerância. Vejam a última edição do Big Brother, por exemplo, foi marcado pela diversidade: um gay, uma lésbica, uma drag queen, todos assumidos. Além disso, uma doutora em lingüística, uma policial, um engenheiro agrônomo, um advogado que treina boxe, entre outros. E o Pedro Bial sempre perguntando a opinião de cada um, procurando brechas ou polêmicas para levar ao público. Em outras palavras, o que se procurou evidenciar foram as diferenças sexuais, culturais e, ao mesmo tempo, destacar as exigências da tolerância.
      Como é diferente da época da minha infância. Das muitas coisas que me lembro ter aprendido naquele tempo com os pais, escola, Igreja, uma delas era a impossibilidade do relativismo. O pai, sempre decidido, com resposta para tudo, dizia que a honestidade relativa não existia. Não se pode ser honesto e ao mesmo tempo não ser. Ou você é decente, com vergonha na cara ou não é. Este papo de “relativo” era só para desculpar as mazelas ou para contornar as leis.
      Para o relativismo a moralidade não é baseada em qualquer padrão absoluto. Ao contrário, “verdades morais ou éticas” dependem da situação, cultura, sentimentos, etc. Para esta Filosofia todas as posições morais, todos os sistemas religiosos, todos os movimentos políticos, são verdades relativas ao indivíduo. De certa forma tenta-se evitar a idéia que há realmente o certo e o errado. Como conseqüência, o relativismo moral está cada vez mais ganhando espaço no sentido de encorajar a todos em aceitar as diferenças, a tolerância o jeitinho.
      Podemos, porém, perguntar ao relativismo, se todas as morais são igualmente válidas, como vamos avaliar as ações morais das pessoas? Como vamos distinguir entre uma ação boa ou má? (Itamar Hammes é professor)

Um comentário:

José Ambreu Diedrich disse...

"Vivemos numa época onde as certezas naufragam". Como algo que não existe pode naufragar? Talvez esta seja uma reflexão também possível.
Os reality shows (como o big brother - me nego a escrevê-lo em maiúsculo) apenas amestram aqueles que se deixam amestrar.
Todas as dicotomias sofrem de certos vícios - vejamos algumas: certo/errado, verdade/mentira, branco/preto, certeza/relativo, etc. Entre todas estas dualidades, talvez pudesse aparecer o meio termo (ou quem sabe o bom senso)onde não seria necessário voltar aos velhos dogmas moralistas religiosos mas, que ao mesmo tempo, não nos levassem ao animalismo atual (ainda somos HUMANOS).